top of page

Entre livros e temperos: o gostinho do Ceará

  • Clara Bezerra
  • 15 de abr.
  • 2 min de leitura

Foto: Diário do Nordeste/Reprodução
Foto: Diário do Nordeste/Reprodução

O ambiente aconchegante do Café Literário, com uma luz baixa e posicionada estrategicamente ao lado de uma cafeteria e de um balcão, me lembra vagamente uma cozinha. Muitos sentimentos sendo aflorados pelo cheiro de café, comida feita e pelo burburinho das milhares de pessoas na XV Bienal do Livro. Memórias surgindo de maneira avassaladora e deixando um sentimento de conforto no peito.


Tive um misto de experiências, que variou entre ver um cordel do Harry Potter cangaceiro e até me sentar em um cantinho com minhas amigas para fazer um picnic. Descansar após horas em pé e andando pela estrutura enorme do Centro de Eventos.


Sentimentos e questões acerca da mulher na cozinha foram muito bem discutidos e analisados por Izakeline Ribeiro, jornalista e pesquisadora de comida de rua, e Luiza Santos, fundadora do Pratinho da Madrugada. Izakeline trouxe pontos interessantes, como a cultura do pratinho e a cultura alimentar preservados na memória, enquanto Luiza relatou sua rotina e as dificuldades pelas quais passou. 


Com o desenvolver da roda de conversa, Izakeline, trouxe uma questão intrigante e que deixou vários com um ponto de interrogação na mente: de onde surgiu o pratinho? 


Com a ausência de um registro físico, ela relacionou o pratinho com os das festas juninas. Neste período festivo, a comida é muito requisitada e por ser tão adorada, foi se desvinculando desse tempo para virar um prato comum e mais famoso dentro de Fortaleza, equivalente a uma janta mesmo. 


E foi nesse cenário que surgiu o "Pratinho da Madrugada", que até então era um simples ponto localizado na Beira Mar. Um carrinho singelo que  carregava um acervo de sentimentos, um grande ponto turístico e símbolo dentro da nossa Cidade, sendo nosso símbolo e nossa identidade.


Com o crescimento das vendas dos pratinhos, cada morador e turistas podem comer na rua algo que tem gosto de casa. Luiza Santos compartilhou um pouco do seu processo de produção, já que agora possui três filiais, a dona do Pratinho da Madrugada revelou que tem cerca de oito ajudantes na cozinha e que, apesar do trabalho cansativo e de alta demanda, ela se sente realizada. 


Em contrapartida, a jornalista apontou, durante a roda de conversa, que entre 22 pessoas entrevistadas para sua pesquisa de Mestrado, 20 são mulheres que cozinham  e que elas são o grande comando. Afirmou também que cerca de 80% da renda familiar provém da produção dos pratinhos.


Ao fim da roda de conversa e do grande destaque que esse alimento tem na nossa cultura cearense, a Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco - no espaço “Literatura  Cultura Alimentar”, onde aconteceu o encontro  - nos presenteou com um mini pratinho, uma palinha desse produto que carrega e desperta tantas emoções embutidas em forma de tempero.


コメント


bottom of page