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Como viciar a população em todos os meios possíveis?

  • João Duarte
  • 6 de jun.
  • 3 min de leitura

TikTok é plataforma que popularizou os vídeos curtos. Redes como Instagram, Facebook e YouTube seguiram essa tendência e gora, a Netflix também planeja mudanças voltadas para dispositivos móveis. A dúvida que surge é: quais serão os verdadeiros impactos dessa transformação?


Ilustração: Site Para Entender a Dependência Química
Ilustração: Site Para Entender a Dependência Química

A Netflix tem a resposta na ponta do dedo e de frente para a tela do celular. Isso porque, na última quarta-feira (07), a gigante do streaming anunciou mudanças no seu layout, a primeira desde 2013, ano em que foi lançada. Entre elas, está a implementação da tela vertical nos dispositivos móveis, semelhante ao modelo estabelecido pelo TikTok, com o objetivo de oferecer aos usuários a possibilidade de ver pequenos trechos de filmes e séries e, com um clique, ser direcionado aos títulos. Além do TikTok, outros aplicativos também adotaram o mesmo sistema, como Instagram, YouTube e Kwai, representando a mudança na forma de consumir conteúdos, em que são cada vez mais curtos e menos complexos. 


Na possibilidade de nadar na maré contrária, visto que a Netflix consiste em produtos de longa duração, a plataforma se joga na correnteza e contradiz o que produz e que a alicerçou no mercado internacional. Um estudo publicado na revista “Neuroimage”, em fevereiro deste ano, mostrou que os danos causados pelos vídeos curtos extrapolam os problemas de falta de atenção e ansiedade, atingindo alterações na estrutura e função cerebrais. A região do cérebro responsável pela regulação emocional e pelo sistema de recompensa se torna hipersensível aos estímulos causados pelos vídeos, gerando uma alta produção de dopamina e, assim, um comportamento compulsivo que necessita cada vez mais deles. 


E a Netflix adicionar essa nova ferramenta é irônico, pois a consequência imediata a quem consome esses conteúdos é ficar incapaz de assistir a um filme sem pausá-lo para checar o celular e rolar a tela por alguns minutos. Gradativamente, os usuários largam a plataforma devido à imensa falta de atenção. Para atraí-los de volta, vende o discurso de que as buscas por novos títulos serão mais “dinâmicas” e “fluídas” no mesmo estilo do TikTok. Ou seja, ela reconhece que o estilo criado e difundido pelos chineses é prejudicial, mas maquia esse lado com a ideia de inovação. No final, usuários serão cada vez mais viciados e por aplicativos diferentes. O mais novo da vez é a Netflix, que poderia ser um exemplo contra essa prática. 

Porém, a gigante do streaming não entende essa adicção exponencial como um problema, considerando que parte do seu lucro provém do tempo de tela dos consumidores, aliado à grande quantidade de anúncios. A Netflix, então, apenas replica o modelo que deu certo com as outras empresas e prevê um acúmulo de capital ainda maior, haja vista que pôde comemorar um aumento de 13% na receita no primeiro trimestre de 2025 a partir dos novos assinantes e das publicidades. Com isso, a empresa observa a possibilidade de unir dois perfis - o dos longas e o dos vídeos curtos - em prol de um simples objetivo: lucros exponenciais, tais quais ao vício.

Então, a empresa sabe muito bem que planeja potencializar a dependência de seus assinantes para passarem mais tempo que o determinado com uma máscara falsa de nova interação. Ela também sabe que trará grandes quantidades de dinheiro em cima do adoecimento dessas pessoas. Mas, a pergunta que fica em aberto é: será que a Netflix pensou na possibilidade dos usuários largarem de vez os longas e transferirem o foco - que já é escasso - aos trechos curtos e “dinâmicos”? 



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