Uma energia que ocupa todo o espaço
- Rafael Santana
- 17 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Di Ferreira é uma artista “em movimento”, como ela mesmo se define.

Di Ferreira é uma artista multilinguagem. Foto: Rafael Santana
Era uma tarde quente, lá estava eu bebendo água e nervoso, não só pelo fato de ser minha primeira vez gravando um programa, mas porque em poucos instantes eu ia receber uma artista pela qual eu tinha uma grande admiração.
E de repente ela chega, uma mulher alta, de pele negra, olhos brilhantes, um estilo marcante, com um penteado único e um sorriso cativante. Di Ferreira ocupa todo o ambiente com a sua áurea.
Não sei explicar, mas a mulher a qual eu estava direcionando perguntas exalava uma “energia de artista”, termo esse que nem sei se existe, mas essas eram as palavras em que eu conseguia definir aquela sensação.
Natural do Espírito Santo, Dillene Pena Ferreira, ou Di Ferreira como é conhecida, chegou no Ceará ainda criança. Ela é uma artista multilinguagem, ou seja, para além de cantora, ela é compositora, produtora musical, atriz e também aquariana com ascendente em escorpião. Para quem entende de signo já consegue enxergar a linda complexidade nisso.
Sua história com a música começa na infância. Nascida no dia 28 de janeiro de 1989, a primeira inspiração veio de seu pai, também músico. Sua carreira artística começa ali, cantando em uma churrascaria por entretenimento.
Mas não precisa ser um expert para saber que os primeiros passos dessa estrada foram dados trinta e cinco anos atrás, assim que ela chegou na Terra, ocupando o seu avatar. Falo assim para me referir ao corpo, algo que aprendi com ela:
“Eu enxergo esse corpo como um avatar”, diz a cantora que está em um processo de descobrimento e entendimento de sua corporeidade, embora já tenha certeza que só sabe explicar as coisas fazendo com o corpo.
Di gosta de ocupar espaço, ver gente e observar comportamentos. Nutrindo uma grande relação com Fortaleza, ela recorda as memórias de sua infância, onde transitava por muitos lugares. O clipe de seu single Bons Ventos, gravado na Praça dos Leões, consegue transmitir esse sentimento de pertencimento.
Sempre adepta a falar sobre saúde mental, e permitindo que quem a escute a chame de “Guru da terapia”, a cantora transmite em sua fala uma onda de energias boas em movimento, e isso não é por acaso:
“Quando você me pergunta quem é a Di, é essa pessoa em movimento”. Uma característica muito forte na artista é essa transicionalidade refletida até nos variados estilos musicais em que ela se expõe. A cantora começou a compor na adolescência, mas não tinha muita autoestima nesse lugar.
A virada de chave, segundo ela, veio com suas músicas, em que ela começa a falar das suas entranhas nas letras, e descobre a grande complexidade que existe em se expor através de sua arte. Na produção musical o seu entendimento foi outro, surgiu durante a pandemia, onde fugindo das mídias sociais, se viu mergulhada em seu trabalho, gerando futuramente seu primeiro EP, No Tempo do Tempo.
Di me conta que sempre possuiu uma vontade de descobrir “outras eu”, e nisso ela se encontrou na atuação, algo que em seu passado não conseguiria nem imaginar, visto que, ela se via fazendo qualquer outra coisa menos atuar. Seu primeiro contato com essa performance veio muito antes, em uma aula de coral na UFC.
Atualmente, Di deseja alinhar essa corporeidade com a sua banda. Seu primeiro trabalho na atuação foi no curta, “Prosopopeia”, com roteiro e direção de Andréia Pires, exibido na 25a Mostra de Cinema de Tiradentes. Trabalhando com suas coragens, Di Ferreira não quer se constranger com erros, e isso a faz ver como o seu corpo se comporta em lugares em que ela quer estar.
No final de tudo, Di ressalta que sempre está adepta a se jogar nas oportunidades e sempre se movimentando, seja lá para onde a vida a levar. E uma coisa eu afirmo, por onde ela for, a leveza e o alto astral irá acompanhá-la.
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